29 de maio de 2012

Specs.


As being is to begin.


Laid down among the signs a self assigned. Decided it was only ever
upward unto nothing, grass and wildfl owers, each stem the very thread
of trembling, as little weight as color on the eye. Th ere was an order you
could choose to enter, another, in doing so, to leave. You were, as before
a river or tree decides to branch.





- Brian Teare


Notebook, # 5.


um bacteriostático míope do seu propósito: Placeless.





28 de maio de 2012

Fingers.


roubei a tua porta de entrada
o teu cabelo é branco e fogo
Quando o teu mundo é azul céu, pintas-me os olhos de amarelo e suspiras-me:


ninguém


Ainda, partir
- te
guardar
- te
no bolso das palavras;


fragil
mente.




25 de maio de 2012

Pictionary.


The motivation of the poem must be derived from the implicit emotional dynamics of the materials used, and the terms of the expression employed are often selected less for their logical (literal) significance  than for their associational meanings.





- Hart Crane


White.


Escrever, por vezes, é Epiderme. Escrever, por vezes, é Pele. Escrever, por vezes, é a Camada exterior que envolve toda a nossa carne, que nos pinta em vários tons. Escrever, por vezes, é o maior Órgão do corpo humano. Escrever, como Pele. Escrever, como Epiderme. Escrever, como Camada. Escrever como Órgão. Olhar, o protector Solar esquecido em casa. O factor 50, antialérgico. A Epiderme, a Pele, a Camada, o Órgão, irritado, escaldado, queimado, começa a incomodar. A doer. A arder. Mesmo com o corpo atirado a um banho frio, a pressão da água é um enxame de agulhas. Começa a depelar, pequenas partes, quase transparentes, deixando pedaços descoloridos, deixando vontade de com as unhas arrancar mais um pouco. Muda. Muda a Epiderme. Muda a Pele. Muda a Camada. Muda o Órgão.

Escrever por vezes é a ausência da Epiderme Escrever por vezes é a ausência da Pele Escrever por vezes é a ausência da Camada Escrever por vezes é a ausência do Órgão


[ . ]

22 de maio de 2012

Notebook, # 4.


A noite, em Laços, por tua pele Estrelada. 




Unir todas as Estrelas que te cobrem: surges-me como Constelação.


Edit.


o ar morno que nos rodeava
o mundo que implodia

barulhos pessoas carros cimento bancos cães
nada importava éramos duas personagens em um filme mudo

e as cores obedeciam-te

a urgência de beijar-te em fome
rendendo-me para a gentileza


naquele momento fiz amor contigo com a minha boca


as nossas bocas
[im]
perfeitamente encaixadas docemente a fazerem amor




a beleza de um beijo ultrapassa poesia líquida


[ . ]


21 de maio de 2012

Aiming.


O som da água era uma sinfonia, sentados nas escadas que rasgavam o céu, enquanto escrevia toda a Poesia de e. e. nos teus pulsos e dentro dos teus lábios.
Os teus gestos, perfeitos, de bailarina.

Rodopias-me.







19 de maio de 2012

17 de maio de 2012

Notebook, # 2.


Confissão. Só a ti e de joelhos


[ . ]


Top floor.


A tela do teu silêncio pendurada no tecto do meu quarto. Pintada com os teus dedos, com a tua boca, com os teus pés.

Pálida.

Lá fora, fora da janela, fora do mundo, arde a cidade.


16 de maio de 2012

Barely.


Abro e fecho os Livros da Casa na tentativa de entibiar a involuntariedade de lamber todas as tuas imagens.





Notebook, # 1.


Agarro o meu coração para pulsar entre os meus dedos. Acalmar um pouco esta calamidade colorida que me provocas.
Agasalho-me na sombra dos teus lábios: os teus fios de saliva, hoje, são os meus cobertores


[ . ]

Quasicrystal.


Sentada, do outro lado do firmamento, peço-te:

- Deita-me. Humedece as tuas mãos pela tinta de uma caneta. O meu peito. Abre-o. Força as tuas unhas pelas minhas costuras. Rasga-o. Tal como fazes com o papel de embrulho de uma prenda, com a ponta dos teus pés a saltitar de euforia, arrancas o papel colorido de uma só vez. E deixa a tinta de tuas mãos a babar para dentro dele. Transforma-me em uma sombra desligada do chão. Toma-te por minha.

Passo horas, assim, com tuas mãos em meu peito, a olhar para uma folha em branco. A absorver o seu sentido de "claridade". A absorver o seu sentido de "limpeza". A absorver o seu sentido de "e". A absorver o seu sentido de "ruído". Branco. Apenas e só branco.

É com naturalidade que procuramos assumir uma determinada ordem. Ou impor. Ou até criar. Ordem ajuda a identificar os comportamentos, os objectos, os pensamentos, as limitações, as barreiras. Ordem é a parteira da Esperança e da sua prole.

De joelhos, acendes-me um cigarro. Não me moves, nem tentas. Levas o filtro até mim, deixando-me respirar as ondas de fumo acinzentado. Repetes este movimento inúmeras vezes até o cigarro se apagar.

Elevas o teu corpo, observo toda a gentileza dos teus movimentos. Os pés descalços. O som dos teus pés descalços. O eco dos teus pés descalços. Não és tu que usas esse vestido vermelho, o vestido usa-te, deixando a forma dos teus ossos, a forma da tua carne, ser o seu particular cabide. Uma segunda e nova pele.
Deixo de te ver, deixo de te observar. Sinto os teus passos próximos da minha cabeça. O teu pé direito pelo canto do meu olho direito, o teu pé esquerdo pelo canto do meu olho esquerdo. Ouço o teu corpo a descer. Ouço a forma como te sentas. Deslizas para perto de mim sentada na madeira. A minha cabeça entre as tuas coxas. A minha face tapada pelo tecido. A luz que me rodeia ganha tonalidades vermelhas, transparentes, difusas, quentes. A minha respiração a inflamar o tecido. Suspiras entre um sorriso.

- Quero-te para meu Capuchinho.

Levas a mão dentro do vestido, deleitada, à procura da minha barba. As tuas unhas brincam com os meus pêlos espessos. Reparo que na varanda a chuva tem nome. Chama. Grita. Geme. As fissuras da noite ganham vida em meu olhos, em teu vermelho, a vontade imensa de recortar pedacinhos do teu sorriso e remendar a noite.

Em impulso salto da minha imobilidade, paro-me em frente dos teus olhos. Olho-te, procuro-te, quero-te como um animal esfomeado. Com a vontade de te caçar, de te assombrar a palpitar.
Levanto-te, abro o acesso até à varanda, inspiro a noite.
Pego em teu braço, arrasto-te até lá fora.
De costas para mim, apoio as tuas mãos no corrimão molhado. Ficamos imóveis, a chuva a ensopar a nossa pele. As nossas bocas. A ensopar o meu peito aberto.
Sedento, em rapidez, liberto-te da tua segunda pele. Ouço o som da chuva a cobrir a linha do teu pescoço. Lentamente começo a inclinar as tuas costas, reparo como a cidade brilha seus olhos amarelados por tua cintura. Não libertas um único som. Nasces, aqui, como uma Deusa feita de Vidro, pronta a ser adorada.
Sou inundado. Inundado de fé, inundado pela vontade de acreditar, inundado pela vontade de não explicar. Devoto, ajoelho-me, as minhas costas a sentirem o ar quente em fuga da casa, encaixo a minha boca no fundo das tuas costas, abrindo-a, bebendo a chuva que desce, que escorre, que desliza, por tua espinha, por tua pele, por tuas formas, por tuas costas transformadas em borboleta, por tuas costas transformadas em copo.

Bebo o teu paladar. Bebo os teus pecados. Bebo-te.

Subo por ti como se fosses uma falésia, cravando as minhas unhas no espaço das tuas costelas, friccionando-me contra a tua crueza, com meu bafo quente, intermitente, nervoso, a preencher-te, com todo o cuidado, com toda a precisão, se uma mão me falha não tenho nenhuma corda para segurar-me. Subo. A linha que nos separa é ténue, invisível. Chegado ao teu ouvido reparo na claridade de tua face, na cristalina forma que espelhas nas gotículas.

A tremelicar, confesso-te:

- A única palavra que quero ouvir de teus lábios cerrados é um Foda-se.




Respondes: 


- Reza-me


[ . ]


Take the Train.


Quando entro, consciente, é tarde demais: 

                    Sou uma folha de veludo onde afias as tuas unhas limadas.

És-me como uma catástrofe pronta a acontecer


[ . ]


Reach for a deep breath.


queimam os olhos da Cidade em tons de fogo claro
lanças um sorriso enquanto nos aquecemos ao som desta fogueira

desenho o teu corpo por uma linha transparente
as tuas formas a moldarem palavras
no desflorar dos teus fios de saliva enlaçados em minhas unhas

quero algemar o teu coração
algemar na ponta da minha língua
algemar dentro da minha boca
guardar-te morna tépida suave

escalo para a superfície da tua pele
peço-te

deixa-me deixa-me asfixiar o mundo com teus cabelos


[ . ]


Tuesday.


Vou caçar-te. Caçar-te entre a fúria e fome de rasgar, de raspar, de arrancar a película que cobre os teus lábios de outro paladar. Vou ouvir crepitar e dançar no brilho cristalino das suas faíscas. Reencarnar a Inquisição. Vou. Caçar-te.



You could fucking eat him! He's just A boy!









You could eat him. He's a boy. You say your husband is just no good to you. His Jew-Mama guards his sweet sex like a pearl. You have one baby, I have two. I should sit on a rock off Cornwall and comb my hair. I should wear tiger pants, I should have an affair. We should meet in another life, we should meet in air, Me and you.

- Sylvia Plath