6 de junho de 2013

Colors.


"In the blue I'm rising, like an ocean
and in the blue it's down, I sail
Somewhere in the red, I taste your skin"








18 de abril de 2013

14 de março de 2013

Old room.


Gráfico de Vendas com Orquídea


Nós, em postos
de salvamento e de destruição,
individuais e colectivos,
em gerências de economias
e de conhecimentos,
terrivelmente sujeitos a
armadilhas e fragilidades,
somos os relógios da
memória. Vamos no tempo
e nele nos perdemos.
Somos letras de palavras
possíveis em vastos livros,
páginas brancas e luz cega,
corda partida, nó feito,
nascimentos e funerais,
e nascimentos, infinitos,
imparáveis; pó bíblico,
humano, enigmático.





- Dinis Machado


3 de março de 2013

18 de fevereiro de 2013

Weight.


Fecho os olhos, são segundos, segundos que parecem horas. Mesmo de olhos fechados, segundos, horas. A garrafa de Black Label abre-se no entretanto, quase sozinha, quase como se tivesse vida própria, quase como se estivesse a respirar por entre o vidro, por entre o oco. Os cigarros – confesso-me voltado para o Marlboro, novamente – admiram o líquido dourado que repousa no copo: assistir a um Tango, em que ambos são corpos lânguidos, vestidos a rigor.
A minha vontade de dormir é imensa, os olhos quase fechados, a doerem, a cabeça pesada, o corpo a desfazer-se na cadeira, as mãos a tremerem: assim aparece a insónia, como uma Menina sedutora na nossa campainha e toca, toca e volta a tocar e começa a bater na porta, leve, com os dedos, abrindo a mão, com a mão aberta, fechando-a, bate na porta de punhos cerrados, nada a impede, a birra de Menina Mimada que deseja a porta aberta. Acabamos por abrir a porta e reparamos que a Menina Mimada usa saia, usa meias de liga, tem um sorriso do tamanho do mundo e entra e leva-nos para a parede, vincada dos seus desejos, ajoelhando-se em suspiros: És meu! Pertences-me! Estás em pé ao meu desejo, ao meu dispor. E voltas a fechar os olhos, não com aquela imagem no pensamento, não com aquela Menina Mimada de saia e meias de liga, ajoelhada; não com aquela Menina Mimada de saia e meias de liga, ajoelhada e as tuas calças pelos joelhos; com outras imagens, com outras pessoas, com outra pessoa, grunhes entre os lábios outro nome, grunhes entre os lábios outra imagem, grunhes entre os lábios outra mulher, grunhes o copo já vazio, grunhes a memória que queres arrancar e queimar enquanto acendes outro cigarro. E, para tua surpresa, ela diz-te: Quero que me chames de tua, Quero que me chames de tua Puta! Na exactidão da palavra, na exactidão do tempo, abraças os seus cabelos, és dela, sou dela, somos dela.
Esperas que o telemóvel toque: doença, esta! Esperar que um telemóvel toque. Esperas, olhas, voltas a esperar, esperas que entre algo, que uma luz pálida se acenda como uma vela, como uma esperança, como um farol. Esperas com o telemóvel em cima de um livro, um pisa-papel. Nada. Silêncio. Silêncio como as ruínas que nascem entre os teus pés, as ruínas que o teu chão tijolo constrói, as ruínas em silêncio, em silêncio de todo o tipo de silêncios, em silêncio de nada, um nada. Perguntas-te: como guardo eu um nada? Como guardo eu um nada em forma de silêncio? Como aprendo eu a guardar um silêncio em forma de nada?
Acabas por sentir que estás na tua cruz e tentas convencer-te: não é nada, está tudo bem, está sempre tudo bem. Desculpa, estás errado: não está tudo bem enquanto está a abraçar os cabelos daquela Menina Mimada que usa saia e meias de liga, por entre as tuas virilhas. Não, não está tudo bem. Está tudo em silêncio quando não deveria, estás a tentar aprender a guardar um silêncio em forma de nada e um nada em forma de silêncio enquanto grunhes encostado a uma parede, a uma parede branca, com as tuas calças pelos joelhos, com a garrafa de Black Label em cima da mesa, com o maço de Marlboro a galar o líquido dourado. Não, lamento mas não, não está tudo bem. Não está tudo bem quando as tuas mãos são elevadas a uma cruz e e resumes o silêncio mordaz em cima de um livro e pensas em outra pessoa, em outra mulher, em outro nome e não gritas a exactidão da palavra, a exactidão do tempo, enquanto tudo o que esperas são letras em fundos azuis ou cinzentos com um: errei. perdoa-me. admite-me. sou-te. desculpa-me.





És débil: não por quereres, mas por acreditares.


6 de fevereiro de 2013

Hunters.


não aguardas a palavra nasce rápida crua nasce como uma tempestade na ponta dos teus dedos na ponta dos teus lábios rasga-te dilacera-te empurra-te contra uma parede em fome em voracidade respiras em socorro porque encontras o abismo em todas as suas fendas olhas e reparas que as memórias transformaram-se em sombras olhas para o chão e ves que essas sobram deixam marcas com os seus pés marcas em pele marcas em tinta tentas a música mas a música não está a falar a música tem a boca costurada esperas por ela mas





[ela]





não sabe como esperar-te não sabe como colocar as imagens não sabe como colocar as memórias não sabe como colocar a pele não sabe como colocar as sombras mas sabe que guarda as fendas e os abismos sem saber que guardou um mundo





.


10 de janeiro de 2013

More.


Post Office


It began as a mistake.





- Charles Bukowski


Today.


nesta manhã
a chuva
cola                                                                                                                        -se
nas folhas das árvores

enquanto tentam
respirar
famintas
pelo dia

a noite
interrompida
pela luz doente de um carro
demora a evaporar-se

a cada dia que passa

doem-me: mais as unhas
                mais os dedos
                mais as mãos





com o peso das palavras


.

 


6 de janeiro de 2013

Early.

 
iv, unto thee i


unto thee i
burn incense
the bowl crackles
upon the gloom arise purple pencils
 

fluent spires of fragrance
the bowl
seethes
aflutter of stars
 

a turbulence of forms
delightful with indefinable flowering,
the air is
deep with desirable flowers
 

i think
thou lovest incense
for in the ambiguous faint aspirings 

the indolent frail ascensions,
 

of thy smile rises the immaculate
sorrow
of thy low
hair flutter the level litanies
 

unto thee i burn
incense,over the dim smoke
straining my lips are vague with
ecstasy my palpitating breasts inhale the
 

slow
supple
flower
of thy beauty,my heart discovers thee
 

unto
whom i
burn
olbanum







- e. e. cummings