24 de setembro de 2014

There.


Por vezes as palavras pulsam na violência do desejo: esse fio fino e sensível a dilacerar a pele, a dilatar os poros. Abrir o livro, encontrar-te sempre nas mesmas páginas é o principiar de uma viagem pela volúpia. É doar a minha carne aos teus sons. A impossibilidade de estar contigo agudiza-me os sentidos. Escrevo. O meu corpo quer dissolver-se nestes instantes em que a gravidade revela a sua presença. Ser névoa espessa e dourada. Habitar-te por parte completa das cores que desconheces.
Mordes-me a realidade. Recordas-me que por muito que escreva a palavra exacta será sempre a que guardas abotoada na margem dos teus lábios. Alienar-me com o texto onde és a minha - perfeita - linguagem paradisíaca.


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